Algumas pessoas costumam pensar no design como um trabalho puramente artístico, o que não faz muito sentido, existe muito mais que um layout bonito por trás de um bom design. A sensação de beleza e inspiração não é suficiente para criar um design que funcione. É por isso que os designers devem possuir certos conhecimentos e habilidades de ciências distintas para fazer um trampo bacana. E não é apenas a arte do design, é também sobre vários campos de conhecimento e prática que os ajudam a trabalhar de forma eficiente e produtiva. Um dos estudos básicos que ajudam os designers a entender as pessoas é a psicologia.
Usar conceitos básicos de psicologia a favor do design não é uma grande novidade, o fato é que a gente já utiliza desses recursos em nossos designs. Um simples texto em negrito, com letras maiúsculas já causa sensações distintas em que lê aquela mensagem. Identificar os recursos que a psicologia nos traz é a chave para criar experiências mais ricas nos projetos de design.
Os designers veem a psicologia como uma abordagem complicada para melhorar o design e, por essa razão ignoram essa parte da pesquisa e análise. Mas, você não precisa ser um Ph.D. na psicologia para começar a aplicá-la em seu trabalho de forma eficaz. Tudo o que você precisa considerar são os princípios básicos constantemente apresentados no design. Com base em minha experiência trouxe aqui alguns princípios psicológicos eficazes, que geralmente são aplicados nos meus processo de design.
O dia a dia
Um exercício bacana de se fazer é “tentar levar situações comportamentais do cotidiano para o design”.
Um exemplo: Você já tentou ganhar atenção e respeito de uma criança enquanto conversava com ela? Se você abaixar e ficar na altura dos olhos dela, provavelmente terá sucesso neste bate-papo. Uma técnica criada em 1957 por dois psicólogos americanos: Carl Rogers e Richard E. Farson sugere que (dentre muitas coisas…): se você quer conquistar a confiança da criança, você deve mostrar que está no mesmo nível que ela. Olhando nos olhos você desenvolve empatia e fortalece vínculos.
Ok, mas como levar isso para o design? Simples, primeiro é importante entender o que, e para quem está desenvolvendo algo. Cada mídia, cada peça, cada dispositivo apresenta características diferentes e cada um vai proporcionar uma experiência única.
Se você está desenvolvendo um banner ou um totem, é importante considerar o ambiente que ele está inserido, o tamanho dele, a altura média das pessoas que estarão no mesmo ambiente que ele, e por fim, estabelecer na altura dos olhos as principais mensagens que você quer comunicar.
A famosa “gestalt”
Esta teoria psicológica tem quase 100 anos de idade, mas continua super atual. A palavra “gestalt” significa “todo unificado”, a teoria de gestalt sustenta a ideia de que a mente configura, através de diversas leis, os elementos que chegam a ela mediante a percepção ou a memória (a inteligência). A psicologia da Gestalt afirma que o todo é mais do que a soma das suas partes. Em outras palavras, mostra como as pessoas tendem a unificar os elementos visuais em grupos. Os princípios, nos quais os usuários formam esses grupos, incluem:
Similaridade . Se uma pessoa vê objetos que são semelhantes, ela pode percebê-lo automaticamente como elementos individuais de um grupo. A semelhança entre elementos geralmente é definida com forma, cor, tamanho, textura… A semelhança traz para as pessoas a sensação de coerência entre os elementos de design.
Continuação . É quando olhar se move naturalmente de um objeto para o outro. Isso geralmente acontece através da criação de linhas curvas que permitem que o olho flua com a linha.
Encerramento . É uma técnica baseada na tendência do olho humano de ver formas fechadas. O fechamento funciona onde um objeto está incompleto, mas o usuário percebe como forma completa preenchendo as partes que estão faltando.
Proximidade . Quando os objetos são colocados em estreita proximidade, o olho os percebe como um grupo em vez de serem vistos individualmente, mesmo que não sejam semelhantes.
Figura . Este princípio demonstra a tendência do olho de separar objetos. Há muitos exemplos de imagens que mostram dois rostos dependendo de onde seu olho está focado no objeto ou no fundo.
Os princípios da Gestalt confirmam na prática que nosso cérebro tende a brincar com a gente.
O poder das cores
Uma ciência que estuda a influência das cores na mente, no comportamento e nas reações humanas é chamada de psicologia das cores. É um tema super complexo mas que merece ser estudado.
É importante observar os aspectos culturais e regionais quando a gente atribui valor às cores, até porque cada cor já carrega um significado em cada cultura, e isso não pode ser ignorado.
O vermelho no Brasil tem um significado, e no Japão tem outro.
As cores têm um grande impacto na percepção das pessoas. É por isso que os designers devem escolher as cores conscientemente para se certificar de que seu trabalho apresenta a mensagem e transmite sensações.
Mas é importante compreender que além de toda essa questão cultural, muitos estudos mostram o impacto psicológico das cores como linguagem capaz de provocar sentimentos de prazer, bem-estar, inquietação ou vitalidade.
O melhor livro que li sobre cores até hoje é o “A Psicologia Das Cores – Como As Cores Afetam a Emoção e a Razão” – Recomendo fortíssimo essa leitura.
Menos é mais
O fato é que “quanto mais opções as pessoas têm, mais elas demoram a compreender uma mensagem ou tomar uma decisão”.
Ou seja: quanto mais elementos e símbolos você coloca na sua comunicação, site, embalagem, mais tempo e energia é necessário para compreender a mensagem que você quer passar.
Um efeito negativo disso tudo é: A pessoa ter um grande esforço para compreender aquele complexo universo visual, não conseguir e simplesmente desistir, então você acaba perdendo e sua mensagem não consegue ser lida por conter muitos ruídos. Um design eficaz tem que ser direto e objetivo.
É isso galera! A psicologia é uma ferramenta eficaz e aplicada no design, torna o processo criativo mais produtivo. Essas foram algumas abordagens deste tema que é muito rico e tem muito a ser explorado.
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